Espaço Cultural Casarão Engenho dos Andrade
Florianópolis, Santa Catarina
Cláudio Andrade herdou de seu pai o Casarão e engenho construído em 1860. No começo dos anos 2000 o restaurou e transformou o espaço em um centro de relevância para educação e cultura, comandado por ele e sua família, que também vive no local. O Casarão Engenho dos Andrade, localizado no bairro Santo Antônio de Lisboa em Florianópolis, é o único tombado como patrimônio histórico pelo Estado de Santa Catarina e também o mais antigo em atividade que restou ilha. O casarão não é unicamente um museu, ele é vivo, e a cada mudança no seu interior transmite uma nova mensagem.

Casarão e Engenho dos Andrade é um patrimônio histórico tombado pelo estado de Santa Catarina. Restaurado e mantido pelos seus próprios donos.
“Criados a partir da miscigenação cultural entre indígenas e colonizadores europeus que há mais de duzentos anos chegaram em Santa Catarina, os Engenhos de Farinha de Mandioca além de serem o espaço onde a mandioca é transformada, simbolizam a resistência cultural das comunidades que os mantêm. A manutenção dessa cultura agroalimentar tradicional reflete também no manejo de recursos naturais específicos, de paisagens e da agrobiodiversidade.” Slow Food Brasil
Arquitetura colonial do engenho de farinha, construído em 1860 e restaurado em 2003 pela família Andrade.
“A gente cresceu vendo tudo isso aqui funcionar, na época em que ainda não havia muros dividindo as praias, nem cerca entre vizinhos, mas também tivemos a infelicidade de ver esse ciclo terminar, 
quando os casarões começaram a ser demolidos e as famílias tradicionais venderam suas propriedades. Hoje, muitos descendentes dessas famílias vivem nos morros da Capital”, comenta Claudio Andrade.
Engenho de farinha de mandioca movido a força animal. Algumas das peças são originais e outras são restauradas pelo seu irmão, Beto. Segundo Claudio, o conhecimento de reparo de essas peças era transmitido de pai para filho pelos mestres do engenho. Era uma profissão muito comum em Florianópolis, hoje raríssima.
Canga, suporte de madeira para apoiar a cabeça do boi. “Muitas pessoas vem aqui para ver como é uma farinhada mas ficam surpreendidas quando vê um boi puxando os engrenagens, achando que nós 
maltratamos os animais. O que não sabem é que esse boi não é maltratado, não é golpeado nem sacrificado com pouca idade. Morrem de velhice. Os nossos bois são parte da família e cuidados 
melhor que nossos filhos” comenta sorrindo Beto Andrade, irmão de Claudio.
Quitute tradicional na cultura de engenho, laranja com farinha de mandioca.
Falamos muito da tradição açoriana da farinha, mas ela é resultado da junção de três culturas: a africana, a açoriana e a indígena.
Oficinas culturais, aulas de cozinha e celebrações acontecem no Engenho dos Andrade. Nesta oportunidade, tive a possibilidade de participar de uma oficina de comida de engenho onde as principais receitas dos quitutes foram preparadas e servidas para os participantes.
Aquelas peças de madeira antigas me remetem a uma pequena floresta esculpida pelo homem. 
A Bijajica é um bolo de massa de mandioca com amendoim e açúcar mascavo. Assim como as comidas do
meu país (Argentina) me remetem aos tempos de guerra, quando somente se comia o que se tinha, a bijajica me levou a pensar nessa realidade.
Uma oficina de comidas de engenho, oferecida gratuitamente dentro de um engenho de 1860, por 
mestres da culinária local.
Quitutes tradicionais a base de mandioca servidos dentro do engenho. Mais uma forma de compreender 
o patrimônio por meio dos sentidos.
Casarão Engenho dos Andrade
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